Células-tronco em ortopedia
Muitas vezes, lesões no joelho como osteoartrite, lesão na cartilagem e condropatia patelar, por exemplo, são tratadas com cirurgias invasivas ou com o uso de próteses. Porém, nos últimos anos, novas alternativas estão surgindo, como a terapia biológica, que utiliza células-tronco em ortopedia para estimular o processo de combate inflamatório e reparação das lesões.
Tratamentos com células-tronco em ortopedia já são realizados no Brasil e em várias partes do mundo. Com isso, o objetivo é aumentar a possibilidade de reparo biológico, freando a progressão da doença sem piorar a função ou aumentar a dor dos pacientes que sofrem com lesões no joelho.
Esta terapia celular diminui a necessidade de cirurgias de grande porte ou invasivas, como são comuns em casos mais graves.
As células-tronco têm diversas possibilidades de uso em tratamentos, já que as células-tronco mesenquimais têm a capacidade de se diferenciar de acordo com o ambiente em que são aplicadas.
Assim, os médicos coletam as células-tronco do próprio paciente e as preparam em laboratório antes da cirurgia, que é considerada pouco invasiva e com grandes chances de sucesso.
O que são células-tronco?
As células-tronco surgem no ser humano ainda na fase embrionária e, após o nascimento, alguns órgãos mantêm uma porção dessas células que serão usadas para sua renovação, mas que podem ser extraídas e utilizadas em alguns tratamentos, inclusive na área de ortopedia.
Isso é possível porque as células-tronco têm a capacidade de se reproduzir e gerar duas células com as mesmas características, transformando-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos.
Além disso, elas têm uma propriedade de regulação do sistema imunológico local e conseguem conter as outras células do sistema inflamatório, levando a uma redução da inflamação no local e estimulando a produção de cartilagem.
Esta propriedade, portanto, é o que faz com que as células-tronco sejam utilizadas no tratamento de lesões no joelho, reduzindo a dor dos pacientes e a necessidade de realizar cirurgias invasivas.
Uma das principais aplicações deste tratamento é em atletas e esportistas, tanto profissionais quanto amadores, que têm dores constantes no joelho.
Na maioria das vezes, as dores são causadas pelo desgaste da cartilagem que se acumula ao longo do tempo e pode causar artrite ou artrose da articulação – doenças que, atualmente, não têm cura.
Esses problemas agravam-se com o tempo e podem causar dor, inflamações locais e perda de funcionalidade, principalmente em pessoas mais velhas.
Especialmente nesses casos, a terapia celular tem uma eficácia maior do que uma cirurgia de grande porte e invasiva que, muitas vezes, apenas repara a dor e não resolve o problema a longo prazo.
Porém, existem outras possibilidades de tratamento que são indicadas de acordo com a gravidade da lesão do paciente, como fisioterapia, medicamentos e medidas de controle do quadro degenerativo.
Como funciona o tratamento com células-tronco em ortopedia?
As intervenções cirúrgicas no joelho costumam ser bastante invasivas e, em alguns casos, atuam somente para reduzir a dor do paciente e não resolvem a lesão.
Uma das formas de tratamento que podem ser realizadas é a terapia celular com células-tronco, que têm a capacidade de se transformar em outras células maduras do corpo.
Essas células podem ser obtidas do cordão umbilical de gestantes, de embriões ou da medula óssea do próprio paciente.
Atualmente, estudos realizados no Brasil e em outras partes do mundo demonstraram a eficácia de membranas produzidas a partir de duas fontes de células-tronco mesenquimais.
Entre elas está a membrana sinovial, uma fina camada de tecido que reveste a parte interna das articulações e é responsável por produzir o líquido sinovial, que tem a função de lubrificar o local e evitar o desgaste das articulações.
Outra fonte utilizada é a polpa do dente de leite, cujas células são capazes de produzir a sua própria matriz extracelular ou membrana.
Quando estão presentes nos locais dos tecidos, as células-tronco conseguem regular as outras células do sistema inflamatório, reduzindo a inflamação local e estimulando a produção de cartilagem pelo corpo.
Nesse sentido, o uso das células mesenquimais é mais vantajoso porque estas conseguem se diferenciar da cartilagem e ajudar na reconstrução do local afetado pela lesão.
A terapia celular, portanto, pode utilizar células da cartilagem extraídas do próprio paciente, o chamado implante autólogo de condrócitos.
O procedimento começa com uma artroscopia, que coleta a cartilagem saudável do joelho de uma área que não sofre carga.
As células, então, são isoladas em laboratório, multiplicadas e introduzidas em uma membrana que, após 30 dias, é levada para o centro cirúrgico e inserida no local da lesão no joelho do paciente.
Uma das vantagens deste tratamento é a possibilidade de tratamento de lesões maiores, já que nesta técnica as células são obtidas do próprio paciente e não é preciso buscar doadores ou bancos de tecidos.
Com esta terapia, o objetivo é recuperar a função do joelho, devolvendo os movimentos dos pacientes e diminuindo a dor.
Embora o tratamento de lesões no joelho com células-tronco seja bastante recente, pesquisadores estão estudando novos modelos e constantemente aprimorando as técnicas para recuperar as funções dos pacientes.
Além disso, os estudos demonstram a segurança dessas terapias, que são indicadas para casos específicos após a avaliação de médicos especialistas na área.
Após o tratamento, é possível notar o aumento na qualidade de vida dos pacientes, que não precisam se submeter a cirurgias invasivas e com um pós-operatório complexo.
O tratamento com células-tronco em ortopedia tem altas chances de sucesso se realizado por médicos experientes na área.